O tempo de fato mudou as voltas dadas pelo meu coração. Fez com que as sensações que formam minha essência experimentassem novos sentidos. Os rumos que vejo à minha frente mudam com uma freqüência relevante, bem como a curva que existe logo no início desses caminhos, com o propósito de ir além de tudo o que eu consigo enxergar. Não posso ver além disso. O que faço então é projetar o fim do dia, imaginando as mais belas alegrias capazes de passar por mim.
Essa ilusão distorce, contudo, a visão que eu faço acerca do mundo, de tudo. Altera a maneira como desenho meus anseios a fim de alcançar a felicidade pela qual eu vivo. Eu volto, assim, a correr para onde nós queríamos ir, para onde nós planejávamos ir. É fato que hoje eu faço isso por mim mesmo, como deve ser. Sem essa companhia, a presença do meu querer então se faz distante daquela que eu tinha antes da última curva pela qual eu passei, a caminho de hoje. Eu não podia ver, bem como eu não posso ver os rumos últimos dessa estrada.
A certeza de tal fato impõe que essas projeções perfeitas e ideais que eu vivo a fazer de nada servem, não adiantam. Meus amores, meus amores. Idealizados à margem de tudo o que deve ser certo, sem nenhuma relativização. Não, meus amores não são relativos, nem eternos, apesar de eu sempre querer guardar os melhores momentos da minha vida no bolso da minha calça, para que eu possa retirá-los e senti-los sempre que o Sol da tarde cai no horizonte.
Esse deve ser o segredo de toda a beleza e intensidade desses instantes, únicos, incomparáveis. Eles vão embora tão depressa como quando chegam, e deixam saudade. Sim, deixam saudade. Pensar em onde eu queria ir e em onde eu de fato estou traz falta, e sobra falta. Sobra espaço no abraço como não era para ser.
De todos aqueles sonhos que nós tivemos, fica a idéia de que a inspiração sempre vê um final, de que as coisas da vida não são invariáveis.

(Arthur Meibak)

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Arthur Meibak

Sobre este blog

Sei da eterna necessidade de questionar. Aqui isso se dá, obviamente, sob a ótica dos meus olhos. O resultado são linhas que versam a respeito do que vivencio. É, pois, a crônica dos meus dias, que possui inegavelmente um viés, fruto do que sinto e do que vejo.

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