O que me cativa... o que hoje faz parte de mim por ter cruzado em algum momento a minha vida, por ter se tornado relevante quando o fez... o que me cativou. Tudo o que eu vi e tudo o que já foi tocado por mim fazem parte da minha essência.
Minha vida inteira segue, de alguma forma, guardada em mim. Dos vultos desapercebidos aos momentos mais especiais, eu tenho tudo comigo. Está escrito na minha história o quanto eu mudei o mundo e o quanto ele me mudou. Minhas alegrias, meus amores eternos, minhas mágoas e meu cansaço são formadores do que eu sou, do que eu serei.
Dentre as minhas lembranças mais marcantes, certa vez eu encontrei uma daquelas pessoas especiais que só se conhece umas poucas vezes ao longo da vida - eu te conheci. Tratava-se de uma época especial para você e, a partir de então, para mim também. Eu me recordo claramente como estava o céu naquela noite. Além da Lua crescente, era possível ver estrelas, mesmo se tratando de São Paulo. O som das amizades conversando no bar, o vai e vem dos garçons, do chopp ao whisky com refrigerante, as conversas. Lembro-me de como eu pedi aquele beijo, bem como o gosto dele, com o qual eu tanto me familiarizei. Lembro-me do seu sorriso. As músicas que eu escutava naquela época, a sensação da sexta-feira virando sábado... eu me lembro de tudo.
Por vezes eu me vejo imaginando aqueles momentos, que se perderam no tempo. Vejo-me pensando naquelas pessoas que eu nunca cheguei a conhecer e em como certas coisas são inexplicáveis. Eu não sei explicar o que me fez deixar o meu dia para trás, a fim de chegar a tempo naquela noite. Não sei dizer de onde veio a certeza que eu sentia sobre o que fazer, enquanto eu ia para lá - foi um dos meus maiores acertos.

Nunca voltarei porque nunca se volta.
O lugar a que se volta é sempre outro.
*

Se hoje eu voltasse para aquele lugar, para aquele bar, eu não veria com os mesmos olhos a lua crescente e as estrelas. Aquelas pessoas seriam outras. As conversas seriam outras. Você não estaria lá, simplesmente porque você não existe mais.

Maio de 2010


*Álvaro de Campos
Arthur Meibak

Uma vez mais, minhas intenções passam longe de Lisbon Revisited. O céu, escuro nesses instantes, precede o começo do amanhã. Decerto, sinto plenamente que o declínio dos dias e das cousas está a enxergar um final. Eu já consigo sorrir para o horizonte, que passou a fazer um sentido inexistente em mim, até ontem de tarde.
Sim: Eu quero tudo. Já disse que eu quero tudo. Ó mágoa revisitada. A Lisboa de outrora de hoje deixa de exemplificar a nostalgia em minha vida, para me mostrar a profundidade dos meus sentidos e a necessidade encontrada por mim de querer tudo uma vez mais. Eu quero o mundo novamente. Eu quero o sorriso, o choro, a oposição, contradição. A intensidade! Sim: Eu quero tudo.
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa? Conseguiram, pois. Até a desilusão completa vestiu minhas vontades, ou a falta delas. Mas não. Não agora. Agora eu quero não ser sozinho. Eu quero dialogar com o passado, mas não quero morrer nele, nem por ele. Eu quero alçar meus vôos mais altos, a caminho do desconhecido. Que seja um sonho bom, daqueles em que todos vivem felizes para sempre, por mais que a eternidade dure um minuto só.
Eu busco os nossos segredos. Quero tê-los comigo. Eu quero ser fundamental, mesmo que por um breve instante. Não, o tempo não importa. Não me venham com conclusões! Não é essa morte a que eu busco. Minha morte só diz respeito ao passado, que não possui mais razão de ser em meu cotidiano.
Eu quero a insegurança de não saber o que virá. Quero distância do falso conforto proporcionado pelo sentimento de posse. Eu não quero te ter. Não devo querer. Não posso, mesmo que você vá embora com a mesma velocidade que te trouxe. Minha felicidade deve residir no fato de te ver sorrir, livre para existir da melhor forma possível.
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio não quero estar sozinho!

Arthur Meibak


Arthur Meibak

Sobre este blog

Sei da eterna necessidade de questionar. Aqui isso se dá, obviamente, sob a ótica dos meus olhos. O resultado são linhas que versam a respeito do que vivencio. É, pois, a crônica dos meus dias, que possui inegavelmente um viés, fruto do que sinto e do que vejo.

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