Deixarei tudo como está. Porta e janelas abertas, a despeito de eu tê-las fechado em momento inoportuno. Igualmente, deixarei o que eu fiz e o que eu não fiz terem razão de existir na página virada, lida e relida, do livro da minha vida. Eu sei que ainda tornarei a revirar os contos que falam da minha história. Eu voltarei. Voltarei meus olhos para as cortinas entreabertas. Lá esteve você, pronta para voar, enquanto o Sol das quatro horas começava a cair no horizonte e a TV contava as horas de um filme qualquer.
De repente tudo ficou como está agora. Meu sorriso, sem graça, querendo descanso, após a perda do caminhar, dos rumos e dos passos, que voltaram ao descompasso. Coração batendo no peito, feito batuque, e a entrega do viver, do meu querer. Tanto faz. Tanto fez.
Por esses dias, então, eu estive pensando que, se hoje mesmo eu deixasse de viver, alguns instantes eu jamais deixaria para trás, como aquela vez em que eu fui até o paraíso e voltei. Sim, eu fui ao paraíso, e que orgulho eu tenho de ter vivido aqueles minutos! Foi quando, pela primeira vez, eu senti que a minha existência fora de fato relevante. Eu me arriscaria a dizer que aquele foi o melhor momento dos vinte e tantos anos que contam a minha vida.
Se hoje eu morrer, longe de qualquer idealização romântica, levarei a consciência de que eu já vivi a única coisa que eu nunca poderia deixar de viver. Eu amei. De corpo, alma e coração, eu amei. Eu vivi o amor. Eu vivi o que parecia ser impossível viver. Essa é a verdade da minha vida. É a única certeza que eu tenho, frente a tantas dúvidas - são tantas as dúvidas!
Entre tudo o que já passou pelos meus olhos, essa é a verdade que me liberta. É a minha revolução, em meio a ideologias diversas e controversas. Aqueles planos que eu fazia perderam toda a razão de ser, mas eu não esperaria um segundo sequer para idealizá-los novamente, se eu ainda pudesse.

Arthur Meibak

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Arthur Meibak

Sobre este blog

Sei da eterna necessidade de questionar. Aqui isso se dá, obviamente, sob a ótica dos meus olhos. O resultado são linhas que versam a respeito do que vivencio. É, pois, a crônica dos meus dias, que possui inegavelmente um viés, fruto do que sinto e do que vejo.

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