– Falsas! São todas falsas as saídas que encontramos nessa vida – concluiu o rapaz. Os vôos por ele planejados fizeram com que seus pensamentos viessem para agora. Então, de uma hora para outra, o vento não lhe pareceu tão interessante como antes. Já não havia aviões no céu.
- Um simples sopro deve ser capaz de fazer um avião sair do chão – sussurrou para ninguém. Mais do que isso, ele pensou em momentos de sua vida e, pela primeira vez, pareceu a seus olhos castanho-escuros que o declínio do outono era realmente irrefutável.
- Quer dizer que esse é o final de tudo? O início? Ambos!
Em seguida, alguém bate na porta do quarto. Uma voz de mulher se prontifica a dizer alguma coisa, qualquer coisa. Essa simples ação suscitou lembranças de belas mentiras que já lhe foram contadas, e de quem as contou. Isso, de certa forma, deixou-o contente, por um momento. - As mentiras mais bonitas do mundo já me foram ditas! Juramentos de eternidade, de amor perfeito.
Sim, tudo fez sentido repentinamente. Nenhuma conclusão foi feita a respeito de a base de todo esse sentido serem mentiras. Não nesse instantinho, livre de qualquer culpa, como a que Kakfa projetava através de suas palavras. A culpa. Ah, a culpa! De natureza desconehcida, por ora. Condição do ser, essencial.
Tal realidade proporciona um tanto de angústia ao rapaz. – Os passos nunca são dados de acordo com os planos que eu vivo a fazer. Mais do que isso, a felicidade provém de inverdades? Começo, fim e meio. Ainda aprendo a lidar com a falta de controle que eu levo comigo mesmo, frente ao processo único de tudo; os finais e os começos.

Arthur Meibak

3 comentários:

Às vezes a gente acha que nossos problemas são mesquinhos diante do problema dos outros. Mas a gente sabe, no fundo, no fundo, que cada sensação "não muito boa" tem uma imensidão profunda em nossas almas.

"Te nho que ter paciência para não me perder dentro de mim: vivo me perdendo de vista. Preciso de paciência porque sou vários caminhos, inclusive o fatal beco-sem-saída."

Clarice Lispecto

inclusive o fatal beco-sem-saída, Mandy.
Ojeito deve ser a gente aprender a lidar com isso, quem sabe!?


Arthur Meibak

Sobre este blog

Sei da eterna necessidade de questionar. Aqui isso se dá, obviamente, sob a ótica dos meus olhos. O resultado são linhas que versam a respeito do que vivencio. É, pois, a crônica dos meus dias, que possui inegavelmente um viés, fruto do que sinto e do que vejo.

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