Eu me entreguei com toda a minha sinceridade. Entreguei meu corpo, minha alma e o coração que levo comigo, exatamente como fazem os personagens idealizados das histórias que não contam o que de fato é cotidiano. Esqueci, contudo, de me apanhar de volta. Perdi-me antes que eu pudesse fazer isso.
O perder-me, desta vez, não é aquele estado que alcançam as pessoas que se vêem envolvidas com o oposto do que propõe a solidão. Não é o perder-se por amor. Chega a ser um passo além disso. Trata-se, pois, de um encontro com a desilusão, com o desamparo, o desprotejo. Sinônimos para tal não são escassos, assim como o que faz essas palavras terem razão de ser em mim. Tem sido assim, ao menos.
Nessas últimas estações, não houve ainda um dia sequer sem que eu pensasse, nem que por alguns momentos, em tudo o que afastava essa ausência, da qual não consigo me livrar, apesar das tentativas. Meu coração ainda dispara quando ouço Condicional*. Fato é que não deveria ser algo tão árduo de ser superado. Tenho meu próprio tempo, afinal. Tempo esse que não pude contemplar ainda com mudança de rumos, desde a última variação de minhas certezas, causada por ação de agentes externos à minha vontade, devo ressaltar.
O conforto que sempre busquei e que, por vezes, encontrei nunca me confortou, apesar da aparente contradição, não mais que ilusória, incumbida na presente afirmação. De tal modo, vejo-me desejoso por existir da melhor forma possível, dia após dia. Essa realidade representa, por si só, mudança quanto ao que delimita o pretérito mais que perfeito vinculado às minhas memórias.
Não sinto arrependimentos por ter oferecido minha existência ao presente, que, invariavelmente, tornou-se passado. Fiz o melhor que pude. Essa é a convicção que levo em meu peito, sem despeito do coração que não pude ainda resgatar.

*Los Hermanos

Arthur Meibak

1 comentários:

A entrega, causa da possível posterior "perda" é vista, acredito eu, atualmente, como irracional. E não acho que seja. O emocional predomina, é claro, mas no interior dele mora uma razão muito mais bonita que a calculada, direi assim.

Você é grande o suficiente para que isso seja sim, só uma fase.
Virtualmente ou não, já tem aqui uma amiga.

=)

Beijão. E lindíssimo post, é claro. ^^


Arthur Meibak

Sobre este blog

Sei da eterna necessidade de questionar. Aqui isso se dá, obviamente, sob a ótica dos meus olhos. O resultado são linhas que versam a respeito do que vivencio. É, pois, a crônica dos meus dias, que possui inegavelmente um viés, fruto do que sinto e do que vejo.

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